[OJogo] José Gomes, ex-adjunto do FC Porto em entrevistas

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"Saio transformado e mais exigente"

José Gomes deixa o FC Porto de consciência tranquila, agradecido por ter podido realizar o sonho de treinar o seu clube do coração, mas sobretudo por ter mergulhado num mundo à parte, norteado por uma cultura de vitória que não encontrou em parte nenhuma, por isso realça a experiência positiva que foi a sua passagem pelo Dragão.

Que balanço faz desta experiência no FC Porto?

Um balanço extraordinariamente positivo pela oportunidade que me foi dada de aprender e crescer, fazendo parte de uma estrutura tão bem organizada como é a do FC Porto, sempre direccionada para o sucesso, pese embora o facto de não termos conseguido vencer este último campeonato. Mas fica a gratidão ao Jesualdo Ferreira e a todos os elementos do FC Porto, por ter podido realizar o sonho de trabalhar no meu clube de sempre, daí despedir-me com um misto de orgulho e gratidão.

Sai valorizado com esta experiência?

Sem dúvida, depois de tudo o que aprendi. Aliás, duvido que algum clube esteja tão organizado com o FC Porto, e que trabalhe sempre com aquele batimento forte pelo sucesso. É algo que nos contamina e que, depois de vivermos, nos transforma como profissionais, torna-nos mais exigentes.

O seu futuro pode passar por se manter a trabalhar com Jesualdo Ferreira?

Digamos que é uma forte possibilidade. Mas outros desafios virão, a seu tempo, para uma nova abordagem e um regresso ao banco como treinador principal.

Com o castigo de Jesualdo Ferreira chegou a ser técnico principal por um jogo. Que experiência guardou?

O facto de isso ter acontecido não significa que tenha desempenhado funções para além daquelas que eram as minhas. O treinador principal é sempre o mesmo, a cadeira onde ele se senta é a mesma, apesar de naquelas circunstâncias ele ter visto o jogo da tribuna. Mas independentemente disso, houve sempre um sentimento especial por cada jogo que fiz ao serviço do FC Porto, porque é o clube da minha infância.

Joca escreveu:Nunca gostei lá muito deste gajo...

Diogo Barroso escreveu:bom era o azenha...

Diogo Barroso escreveu:bom era o azenha...

Nelson Carvalho escreveu:Mas... Honestamente, alguem consegue analisar, claramente, o seu trabalho e sua capacidade enquanto adjunto? Onde começa a sua competência e até onde vai a sua influência nas decisões do treinador principal. Eu não consigo constatar isso. Nem deste, nem de nenhum. Pelo menos desde que o Porto trabalha no Olival que para mim é assim. Antigamente, quando os treinos semanais se realizavam no complexo das Antas, aí sim, sabia a importância de cada adjunto na evolução da equipa. Actualmente isso é impossivel analisar, pelo que aquilo que cada um acha do Zé Gomes tem mais a ver com convicções pessoais do que uma demonstração de trabalho realizado.

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José Gomes: "Rumo da saída do F. C. Porto traçou-se com a derrota na Luz"
00h31m
Norberto A. Lopes

José Gomes, 39 anos, está perto de assinar contrato com o Málaga, onde vai continuar a ser adjunto de Jesualdo Ferreira. Depois de dois anos no F. C. Porto, faz o balanço final e considera que a atitude evidenciada na Luz, onde os dragões perderam (1-0), traçou o rumo da saída da equipa técnica.

Quando é que a equipa técnica sentiu que não ia continuar?
(Pausa) Não posso falar pelo Jesualdo Ferreira, só por mim. Começou a haver um rumo traçado quando o F. C. Porto perdeu na Luz. Não foi pela derrota, mas por aquilo que a equipa não transmitiu. Foi uma marca muito forte.

O que é que a equipa não transmitiu?
Não percebemos que devíamos jogar à F. C. Porto. Em cinco minutos, o Carlos Martins fez cinco faltas para cartão e nenhuma foi assinalada. Não houve uma resposta à F. C. Porto à agressividade do Benfica e os jogadores sentiram que essa agressividade estava a ter cobertura. Foram-se inibindo. O Benfica mereceu vencer, mas essa foi a grande marca que definiu o rumo no final.

Acha que essa derrota esteve na base do afastamento do título?
Não. Mas, com os castigos e as lesões, cedemos pontos. A diferença para quem é campeão não está na derrota no Marítimo, no Sporting, em Braga ou na Luz. A diferença é que empatámos duas vezes com o Paços de Ferreira, uma com o Belenenses, com o Olhanense e com o Leixões. Foram dez pontos perdidos e ficámos a oito do título. Se desses cinco empates tivéssemos empatado apenas um, éramos campeões. Mas arrastámos os jogadores e terminámos à F. C. Porto com 12 vitórias seguidas.

Mas por que os atletas nem sempre tiveram uma atitude à F. C. Porto?
Será que é fácil, ao fim de dois meses, um jogador perceber que jogar à F. C. Porto assenta numa base histórica? O F. C. Porto abraçou o sentimento da cidade, de dar a vida e de lutar. Isso é jogar à F. C. Porto, é dar o que for preciso. É difícil passar isso aos jogadores que chegam, ao fim de um mês ou dois. Não é num estalar de dedos que se transmite esse espírito e num plantel que é sempre renovado.

Os jogadores estiveram sempre do vosso lado?
Senti sempre isso.

Acha que havia condições para a equipa técnica continuar?
(Pausa). Acho. Quem manda tem mandado bem e o passado fala por si. Achou que havia um desgaste natural. Há um bom relacionamento entre as partes, é o final de uma passagem fantástica e sem rancor. Mas a nossa continuidade não iria pôr em causa os objectivos do F. C. Porto. Valorizámos os jogadores.

O que se passou no túnel da Luz?
Montaram-nos uma armadilha e caímos nela com ingenuidade.

Está a falar das provocações?
Houve provocações desde que chegámos. Logo à saída do balneário, havia um segurança a pedir a identificação a quem ia ver a relva. Isso não acontece em nenhum estádio.

E durante o jogo?
Eu fui agredido com isqueiros e cartolinas, que estavam cheias de água. Quando me levantava era bombardeado. Já estive no futebol distrital e nunca vivi nada assim.

O Hulk esteve três meses sem competir. Com ele, o F. C. Porto teria sido campeão?
Quando regressou, o F. C. Porto ganhou todos os jogos, mas o Hulk não pode, por si só, justificar tudo. Tendo em conta as lesões, a sua ausência criou-nos dificuldades. Houve um senhor que é de Gaia e mostrou estar sempre acima da Lei. Falámos de um conflito entre um jogador e um segurança. O jogador apanha três meses e qual foi o castigo do segurança? O que eu li de professores catedráticos é que aquilo não fazia sentido. Não estou a dizer que ele fez isso por ser benfiquista ou por ter outros interesses a nível pessoal com pessoas ligadas ao Benfica. Estou a dizer que ele demonstrou querer estar acima da Lei e prejudicou o F. C. Porto.

A equipa teve mais lesões do que na época anterior. Isso teve a ver com a preparação física?
Não. O Rodríguez não fez pré-época e isso condicionou-o. O Mariano, o Varela e o Rúben lesionaram-se sozinhos e nenhuma dessas lesões tem a ver com a preparação física.

Houve quem dissesse que a equipa andava cansada. Concorda?
Se a equipa tivesse fadiga, nunca teria feito a recta final de época que fez...

Depois de dois anos como adjunto, não era a altura certa para voltar a ser treinador principal?
Era a altura certa para seguir este processo de valorização pessoal e também achei que devia continuar a trabalhar com Jesualdo Ferreira pela gratidão que tenho por ele. Devo-lhe a oportunidade de trabalhar no F. C. Porto, o meu clube de sempre. Ao sentir que queria que continuasse ao lado dele, só tinha de aceitar.

Até que ponto ele tem sido importante nessa valorização pessoal?
Tem uma competência técnica e uma experiência de uma vida adulta e amadurecida como treinador. Isso permite-lhe identificar o que é preciso melhorar em cada jogador e na equipa. Encontra, com muita facilidade, os exercícios mais apropriados para resolver os problemas. Ao ter a oportunidade de trabalhar com uma pessoa com esta competência, só tendo um défice de inteligência é que não iria aproveitá-la.

Daqui a três anos, depois de cumprir o contrato com o Málaga, será treinador principal?
Não escondo, e ele sabe disso, que voltarei a ser treinador principal. Esta aprendizagem ao lado dele faz de mim melhor treinador do que era antes de trabalhar com Jesualdo Ferreira. Mas, se daqui a três anos ele sentir que ainda tem motivação para continuar a treinar e manifestar o desejo de me ter ao lado dele, será muito difícil dizer-lhe que não pela gratidão que tenho.

Como surgiu a hipótese ir para o Málaga?
Esses detalhes passaram pelo Jesualdo. Dificilmente em futebol se pode falar em projectos, mas parece-me que há pessoas com boas ideias para se criar um bom espaço para trabalhar, provavelmente, na melhor Liga do Mundo. Estamos cheios de vontade de começar o trabalho de planeamento e de construção do plantel.

Quais serão os objectivos do Málaga?
Será sempre a permanência, até por aquilo que se passou na época passada, mas a nossa missão ultrapassa esse objectivo mínimo. No entanto, não quero fazer mais comentários sobre o Málaga, até porque ainda não assinei contrato e não quero ser mal interpretado por ninguém.

Houve jogos em que esteve muito nervoso no banco. Porquê?
Os adversários que me conhecem sabem que não há provocação gratuita. Todas as manifestações foram em defesa dos interesses do F. C. Porto, porque estou sempre de corpo e alma por onde passo.

Foi a defender o F. C. Porto que teve uma exaltação com Villas-Boas?
Foi. Houve sinais de fair-play da nossa parte na reposição de bola quando os jogadores estavam lesionados. Como não vi os mesmos sinais na Académica, manifestei o meu desagrado e trocámos palavras. Mas já está tudo bem.

Villas-Boas é a escolha certa?
Não me compete comentar isso. Mas o Villas-Boas tem o espaço ideal para trabalhar. Conheço a organização de vários clubes e o F. C. Porto está claramente acima. Tem pessoas competentes e que dão o corpo às balas. Tive o privilégio de trabalhar num clube que me valorizou e é um exemplo de profissionalismo. Estou grato à administração e ao Antero Henrique, por terem aceite a sugestão de Jesualdo na minha contratação. Essa organização permite ao clube estar mais perto de ganhar o próximo título.

O que o Pedro Emanuel pode oferecer à equipa técnica do F. C. Porto?
Pode ser um grande suporte. Tem uma proximidade forte com os jogadores e era um capitão que sente o lado do treinador, porque sempre falou aos jogadores para a resolução dos problemas. Sempre foi um braço do treinador.