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[Futebol] José Maria Pedroto

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Mensagem por Daniel Novo Qua Mar 16, 2011 12:40 am



PEDROTO

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A evocação de José Maria Pedroto, por ocasião do 25º aniversário da sua morte, resultou num momento de grande simbolismo Azul e branco. Muitas foram as vozes que se juntaram à homenagem colectiva do FC Porto e que destacaram as principais características do “Mestre”.

A familiares e amigos, todavia, pertenceram as palavras mais justas e acertadas. A “Dragões” recorda agora os textos sentidos escritos por quem privou de perto com o antigo treinador e os melhores momentos desse dia inesquecível. Um documento para a eternidade.

A Família

Passados 25 anos sobre o teu desaparecimento, a tua presença é hoje e sempre uma constante das nossas vidas.

Recordamos-te com vivida emoção na brandura do gesto, na cordura da palavra, na atitude sempre atenta e vigilante, no espírito de união e de família, na intimidade da partilha e dos afectos, veros guias inspiradores da tua forma de estar entre nós.

Recordamos-te ainda pelo teu exemplo de coragem e abnegação, pela constância e inquebrantável firmeza das tuas convicções, pelo sentido de honra e da dignidade, pela elevação e grandeza largos, pela inteireza enfim do teu carácter de ter sido todo em cada coisa.

Vela por nós, no jubiloso reino onde estiveres.

Viverás para sempre nos nossos corações.

General Ramalho Eanes

Tive a oportunidade – a grata oportunidade – de contactar, pessoalmente, José Maria Pedroto, na sua residência do Porto. Encontrava-se, ele, já então muito doente. Sabia, pela preparação que fiz para a visita a José Maria Pedroto, quem era ele no mundo do desporto. Fora um atleta reconhecidamente excelente; fora um treinador de vastos conhecimentos (o primeiro treinador português com um curso superior), sempre preocupado em bem ensinar e bem aprender (frequentava, com brilhantes classificações, um curso de treinador em França). Era um líder de exemplar exigência e carácter. Qualidades, estas, que, lhe acarretaram, por vezes, dissabores, lhe proporcionaram repetidos sucessos profissionais.

Aliás, a ele e a Pinto da Costa, que José Maria Pedroto fez regressar à liderança da equipa das Antas, se deve, mesmo, a construção de sólidos alicerces que sustentariam a ascensão fulgurante do Futebol Clube do Porto no contexto futebolístico nacional e europeu.

Na minha conversa com José Maria Pedroto ocasião tive de constatar como ele era culto, ousado e humilde, como narrava – com orgulho, é certo, mas sem qualquer vaidade – o seu percurso, os seus poucos insucessos e as suas muitas vitórias, uns e outros demonstrativos do seu forte carácter, como lia a realidade a «realidade» do nosso futebol, como esperança depositava no futuro do já então ambicioso Futebol Clube do Porto de Pinto da Costa.

Doente já, muito doente, a doença ocultava, respondendo espirituosamente às repetidas «provocações» do inalterado provocador que era o saudoso Coronel Aventino Teixeira, que, na sua visita a José Maria Pedroto, me acompanhava. José Maria Pedroto foi, para além de um cidadão exemplar, um excelente exemplo do que deve ser um atleta e um líder treinador, que ensina e dá o exemplo de dedicação e auto-exigência, e que, depois, com ética, exige, pune ou premeia, abrindo assim caminho para o sucesso confiante e sustentado.

Homenageá-lo é, em minha opinião, um acto de devida, de merecida justiça.

Jorge Nuno Pinto da Costa

Amigo José Maria Pedroto: Solicitaram-me umas linhas a propósito do dia 7 de Janeiro de 1985, que foi aquele em que você, fisicamente, nos deixou.

Pensei que estar a falar de si, por causa de se completarem 25 anos, desse, para nós, triste dia, podia levar-me a querer escrever algo de belo, que não me saísse do coração. Foi por isso que resolvi escrever-lhe, a si, para lhe dizer, que passados vinte e cinco anos, eu, a sua querida Cecília, os seus filhos, os seus amigos, temos muitas saudades suas.

Não seria preciso, porque você onde está, sabe-o bem, mas apetece-me dizer-lhe.

Lembra-se quando ia para o Apolo vê-lo jogar dominó, e ouvi-lo falar de futebol? E a epopeia da sua vinda gloriosa para o nosso Porto! Que bonita foi a conquista dos títulos e o tornarmos forte e respeitado o nosso Clube! Sempre tivemos uma amizade tão linda, que ao recordá-la me emociono!

Nunca tivemos segredos, sempre fomos leais e sinceros, exceptuando uma vez, que lhe vou recordar:

- Você ia para Londres, fazer exames, pela doença que o atacou. Eu sabia, você não.

Jogávamos em Penafiel, na véspera da sua partida para Inglaterra. O jogo permanecia empatado sem golos, quando, perto do fim, o Bobó, que você lançara pouco antes para ponta de lança, fez o golo da vitória. Abracei-o com lágrimas nos olhos, pois queria muito que tivéssemos mais uma vitória nesse jogo!

Lembra-se que me disse: - «Ó Jorge Nuno, parece que fomos campeões?!». E eu, na única vez que não lhe fui franco, respondi que estava eufórico por não gostar do Penafiel, para que não desconfiasse do que se estava a passar!

Ó Pedroto, recorda-se, quando já no mês de Dezembro de 84, me disse que havia vários jornalistas amigos que queriam escrever a sua vida, e me pediu opinião? Lembra-se do que me disse, quando o aconselhei a decidir o que pensasse querer?

Eu recordo-lhe - «Ó Jorge Nuno, o único que podia escrever a minha vida, era você, mas se escrevesse a verdade ninguém acreditava!».

Mas a sua vida foi tão bonita, tão vitoriosa, tão nobre, que se você estiver de acordo, um dia escreverei as nossas histórias!

Um abraço muito forte, do seu amigo,

Jorge Nuno Pinto da Costa

Alberto Teixeira

José Maria Pedroto, o mestre que para a tribo do futebol ficou ternamente conhecido como «Zé do Boné».

Mostrou ao longo da sua vida ser um fora de série, como praticante e como técnico, aproveitando ao máximo o seu capital de inteligência e saber, astúcia, combatividade, perícia técnica, percepção táctica, capacidade de chefia, sentido de humor e cultivo de amizade convivial.

Para além de tudo foi um homem com rara visão, o que lhe permitiu antecipar o rumo dos novos tempos político-sociais da democracia portuguesa iniciada em 1974, permitindo-lhe disputar em nome do FC Porto o poder bicéfalo lisboeta, a hegemonia do futebol português.

Mas mais que tudo foi um verdadeiro amigo, que muito me ajudou na minha juventude a encontrar com realismo os principais valores que têm norteado a minha vida.

Obrigado, senhor Pedroto.

António Oliveira

Para mim é um grande privilégio participar nesta merecida e louvável iniciativa do FC Porto, sobre a evocação da figura de José Maria Pedroto.

Homem de forte personalidade e carácter vincadíssimo era, à época, um estudioso do futebol profissional. Considero-o, inegavelmente, uma entidade muito à frente do seu tempo. Inspirador duma gestão desportiva moderna, fez da disciplina espartana uma das bases fundamentais do nosso grupo de trabalho.

Era um homem culto, sagaz e entusiasta, cujas polémicas ficaram memoráveis em toda a comunicação social. Num ambiente sociopolítico revolucionário, esteve sempre contra tudo e todos na defesa intransigente dos interesses do FC Porto. Tendo características de líder e sendo uma figura carismática nacional, conseguiu o respeito do país pelo FC Porto, Portistas e Portuenses. Estava criada a cultura e a mística para o sucesso que tem acompanhado o nosso clube.

A sua ambição, emoção, coragem e sonho serão sempre, para mim, uma grande referência.

Obrigado, José Maria Pedroto.

António Tavares Teles

Reza a tradição que o notável portuense António Aires de Gouveia (1828-1916), que prosseguiu com êxito uma carreira de eclesiástico, de docente e de político, disse um dia (vaidoso) de si próprio: «Estudante, fui lente; deputado, fui ministro; padre, fui arcebispo; e não fui general porque nunca fui soldado». José Maria Pedroto, que não era vaidoso, jamais diria a seu respeito uma coisa idêntica. Contudo, se tivesse seguido qualquer uma dessas carreiras, em cada uma delas teria seguramente chegado ao topo, porque era sem dúvida um estudioso extremamente inteligente, um mestre, e um líder natural como não conheci nenhum outro.

De resto, no seu domínio, não fez mais senão prová-lo.

Artur Jorge

Ainda penso que o futebol português vai avançando, vai ficando cada vez mais forte, os seus jogadores melhoram, os clubes tornam-se mais importantes, cada vez mais jogadores portugueses vão jogando bem, pelo Mundo inteiro. Muitos!

Tudo isto tem a ver com tantas coisas, muitas delas boas, com clubes, jogadores, treinadores que deram, durante toda a sua vida, um enormíssimo contributo para a importância do Nosso Futebol.

José Maria Pedroto, uma das pessoas mais fortes que conheci até hoje, melhor do que os outros, a surpresa de ser meu amigo, meu explicador, meu treinador, até colega.

As saudades que tenho dele.

Ferreirinha

A memória de José Maria Pedroto representa muito. Fomos sempre amigos de forma desinteressada. Ainda fui colega dele no FC Porto durante uma época e mantivemos uma boa relação ao longo dos anos. Como treinador profissional acho que atingiu o máximo. Estava bastante adiantado para a época. Mas também é bom não esquecer que foi um excelente jogador. Enfim, só posso dizer bem dele e lamentar que nos tenha deixado tão cedo, pois ainda tinha muito para dar à família e ao futebol.

Fernando Gomes

Conheci o Sr. Pedroto tinha eu 16 anos, ainda júnior, na Selecção Nacional. Mas foi no nosso FC Porto que atingimos os maiores êxitos. Guardo dele a imagem de um homem amigo, solidário e exemplar. Mas, também de um verdadeiro líder, com substância, em saber, em determinação e em segurança, que ficará para sempre no meu coração.

Fernando Moreira de Sá

Nascemos no mesmo ano, 1928. Conhecemo-nos no início dos anos cinquenta quando ambos éramos profissionais no FC Porto, ele no futebol e eu no ciclismo.

O Zé Maria Pedroto via muito para além dos outros e, na minha opinião, foi o maior treinador português de todos os tempos.

João Alves

Pedroto foi o meu “Pai Desportivo”, indo buscar-me ao Montijo directamente para o seu “Boavistão”, equipa fantástica talvez a obra-prima que qualquer treinador desejará formar a todos os níveis. Passados meses, lançou-me na Selecção Nacional para uma carreira internacional de longos anos.

A sua inigualável liderança, a sua personalidade, marcavam obrigatoriamente quem com ele convivia. È o meu grande guia e minha referência na carreira pela qual vim a optar mais tarde.

Obrigado por tudo grande mestre.

João Mota

Pedroto.

Conheci e tornei-me grande amigo de Pedroto na minha adolescência… Um privilégio.

Homem arguto, culto, rigoroso, de rara inteligência. Com uma visão que ia muito além da sua época. Mas, muito mais do que tudo isto: o Amigo, de um humanismo desconcertante. Viveu para a família e para aqueles que considerava e com quem trabalhava. Sem dúvida, o maior vulto do futebol da segunda metade do século XX.

Um Homem de bem!

José A. Da Silva Peneda

Tive o privilégio de conviver com José Maria Pedroto em tertúlias de amigos comuns, de que também faziam parte, entre outros, grandes figuras do FC Porto, Hernâni, Carlos Duarte e Ivo de Araíjo.

Pedroto era coerente nas suas convicções, implacável na forma como explicava as teses em que acreditava e excepcional como líder.

José Luís

Quando cheguei ao FC Porto, 1954/55, o senhor Pedroto era um dos jogadores de topo do futebol português. Tive, portanto, a honra de conviver com ele e com referências de uma geração como Virgílio e Hernâni.

Mais tarde, num período em que estive alocado à equipa de ciclismo, foi o treinador José Maria Pedroto que me trouxe de vez para o futebol., precisamente numa altura em que o FC Porto começou novamente a crescer. Foram anos fantásticos.

Recordarei para sempre um homem firme, um treinador que vivia para o futebol e um líder que tratava bem toda a gente que colaborava com o FC Porto. É, sem dúvida alguma, uma grande memória e um dos nomes mais importantes da história do nosso clube.

José Neto

È daqueles sentimentos que muito nos honram quando nos referimos a figuras tão ilustres que passam na nossa vida e nos legaram uma herança notável, quer ao nível da civilidade do Homem, quer ao nível da competência do Treinador.

Senhor Pedroto – um TREINADOR tão adiantado no tempo!... A sua máxima era: olha para o jogo e ele te dirá como deves treinar. Foi assim que nasceu uma avaliação credível e tratada ao nível das razões para uma aquisição de competências para a conquista do êxito.

Dessa dupla, com Jorge Nuno Pinto da Costa (Presidente Campeão dos Campeões), sobraram as razões que forjaram os alicerces de um FC Porto que continua a crescer continuadamente em direcção ao Céu… Quantas saudades!

Luís César

Pedroto foi único porque era diferente. Não sei se foi o maior e o melhor. Se ser maior e o melhor é sinónimo de ser único, então ele foi o maior e o melhor porque era diferente.

Nessa diferença foi único porque foi o melhor de todos. Por essa diferença foi temido e respeitado Exactamente. Por ser temido foi respeitado.

Temido pela visão estratégica, pela frontalidade, pela astúcia, pelo rigor e exigência, pela motivação. Pela competência. Respeitado porque respeitava. Sempre. Respeitava a profissão, o homem, o jogador, o jogo. No diálogo. No conflito. No trabalho. Por essa diferença foi amado e odiado. Porque o seu sucesso era inimigo do próprio sucesso. Gerava paixões e ódios.

Pedroto foi único porque era diferente. E porque era único e diferente, porque era temido e respeitado estará sempre entre os Grandes Mestres que, por serem diferentes, são únicos. E por isso vencem e convencem.

Como José Maria Pedroto. Como Mister Pedroto.

Manuel Sérgio

Só sabe de futebol quem sabe mais do que futebol. José Maria Pedroto sabia mais do que futebol, porque sabia que o Desporto Rei não é apenas uma técnica ou uma táctica, é também um estado de espírito, uma atitude perante a vida, a possibilidade de realização integral, na pessoa humana, dos seus mais autênticos valores.

Para José Maria Pedroto, também no futebol o homem é a medida de todas as coisas.

Mário Mano

Homem inteligente, frontal, correcto, defensor dos mais necessitados, capaz de uma guerra em defesa das suas ideias, grande protector da sua família, grande amigo que me deixou muita saudade.

FC Porto homenageia Mestre nos 25 anos da sua morte num dia/tributo com mais de 400 convidados entre família e amigos

O HOME QUE SABIA MAIS

José Maria Pedroto, o homem que revolucionou o futebol português, teria gostado de estar presente na sua própria festa de homenagem. E para todos – mais de quatrocentos convidados – os que marcaram presença na cerimónia do FC Porto a propósito dos 25 anos da morte do eterno Mestre, ele esteve mesmo ali. Pelo menos espiritualmente, tal a energia que brotou das palavras, das memórias, das imagens. Jorge Nuno Pinto da Costa, inseparável companheiro do «Zé do Boné», comoveu-se por diversas ocasiões na hora de revisitar o passado e teve, assumidamente, uma das intervenções mais sentidas da sua vida. Porque se falava de um amigo especial e de um profissional ímpar, para mais em redor do emblema Azul e Branco. Nunca uma personalidade da cena futebolística nacional foi tão decisiva, avançada, consensual. A actualidade do seu pensamento e da sua acção chega a provocar arrepios. «Este ano queremos dedicar-lhe a vitória no campeonato. Você vai ser campeão», prometeu o dirigente máximo do Dragão, olhando de frente para uma fotografia, em grande plano, do saudoso profissional. E como Pedroto rima com Portismo, deu nome ao auditório do Estádio numa celebração global com direito a missa, jantar e música clássica.

O revolucionário consensual…

No dia 7 de Janeiro evocaram-se os 25 anos do desaparecimento de José Maria Pedroto, inquestionavelmente o melhor treinador português de sempre. Para assinalar a efeméride, O FC Porto organizou um evento de tributo que juntou no Estádio do Dragão um verdadeiro mar de gente conhecida. Do círculo familiar e de amigos, mas também do futebol, afinal de contas o autêntico mundo de Pedroto, um homem que respirava desporto-rei quer como jogador, quer como técnico. Por entre a saudade e a alegria de recordar o Mestre, mais de quatrocentas pessoas fizeram questão de se associar ao convívio, partilhando factos e histórias deliciosas centralizadas na figura mítica. A viúva, Cecília, os filhos (Isabel e Rui) e os netos disseram «sim» à chamada clubística, auxiliando na perpetuação de alguém que até poderia ser encarado como mito, mas que se deu a conhecer como pragmático, justo e visionário. A veneração e o reconhecimento vieram de todos os quadrantes, mesmo dos «inimigos».

As sua máximas célebres, as suas análises conjunturais, os seus gritos desportivos, tudo foi revisitado e escrutinado perante uma audiência que nunca deixou de validar a genuidade da filosofia do Zé do Boné. O longo dia de reflexão e comemoração começou com uma missa rezada, pelas 18 horas, na Igreja das Antas. De seguida teve lugar a homenagem propriamente dita, onde se inclui o descerrar da placa – coberta por um boné gigante, numa piscadela de olho ao acessório indissociável do Mestre – que marcava o baptismo do auditório do Media Center com o nome de José Maria Pedroto. Posteriormente, realizou-se no camarote presidencial e o encerramento fez-se ao som de música clássica, na Tribuna VIP, com prestigiado violinista inglês Daniel Rowland a interpretar Vivaldi e Piazzola. O artista, que já actuou no Garnegie Hall (Nova York) ou no Royal Albert Hall (Londres), foi devidamente acompanhado por um ilustre ensamble de cordas e cravo.

Nos convidados destaque para a equipa técnica actual – Jesualdo Ferreira, Rui Barros, João Pinto e Wil Coort -, a que se juntaram os quatro capitães, Nuno, Bruno Alves, Raul Meireles, Mariano; da cúpula, seja da direcção do clube ou da administração da SAD, todos os dirigentes estiveram presentes. Artur Jorge, Carlos Queirós, Gilberto Madaíl, Valentim Loureiro, Joaquim Oliveira, Fernando Gomes, Rodolfo Reis, António Oliveira, Jaime Magalhães, Augusto Inácio, João Mota, José Neto, António Simões, Manuel António, Vítor Manuel, Neca, José Pereira foram uma amostra dos nomes sonantes, a que se juntaram ouras personalidades que privaram com o familiar, treinador e amigo. E do planeta do entretenimento, uma surpresa: Herman José, o criador do famoso «Estebes», que viajou propositadamente do Algarve ao Porto, para recordar um «adiantado mental, um homem que viveu à frente do seu tempo», confessando-se seu profundo admirador.

…a segunda pele

«Zé, vamos ser campeões». Esta foi uma das frases emblemáticas na intervenção sublime do timoneiro do FC Porto, que não se cansou de enaltecer a modernidade do falecido treinador, dentro e fora do relvado. E inspirado por antigas palavras de Pedroto, que sempre incentivaram a uma luta contra o poder central – e não falava somente de desporto -, Jorge Nuno Pinto da Costa afirmou claramente: Esta noite começa uma nova etapa, vamos ter em conta os ensinamentos que nos deixou e não nos vamos deixar intimidar. Hoje não são roubos de igreja, são roubos de catedral; vamos continuar a lutar contra o Pravda e o humor fedorento». E acrescentou: «Quero aqui dizer-lhe que os nossos adversários estão mais interessados em pôr dirigentes na Liga do que em vencer campeonatos», repetiu. Uma cumplicidade assumida, com o presidente do glorioso a recordar o Mestre como «um homem de grande paixão pela família, pelo FC Porto, pelo Norte e pró Portugal»,

Outra memória, que Jorge Nuno Pinto da Costa junta a tantas outras com a promessa de, um dia, colocar em livro: «Uma vez, um presidente do Benfica convidou-o para ir para a Luz. Pedroto estava no Guimarães e disse que só saía de lá para o FC Porto. Estou com saudades de Pedroto, mas também feliz. Foi o maior treinador português, e ainda é, mas foi sobretudo um grande homem e um cidadão exemplar. Não esqueço que nos tempos do Gonçalvismo foi candidato pelo PPD às legislativas e hoje parece que se esqueceram de si». O mais importante, para o líder Azul e Branco, «é que estamos aqui porque gostamos de si, tivemos o cuidado de trazer todos aqueles que queria que aqui estivessem. Passados 25 anos continuamos a tê-lo no coração. Queremo-lo aqui sempre». E até o Herman José veio, «que você tanto admirava. Um homem que cheira bem e não é fedorento. Tem um humor inteligente, porque, agora, o humor cheira mal. O Herman está aqui porque o estima».

A petição da moda também não saiu incólume no discurso, para mais quando fala um combatente e se homenageia um revolucionário: «Façam as guerras que fizerem, nós vamos lutar pela verdade desportiva, não é como aquela vergonha que aconteceu no fim-de-semana e, depois, vão à Assembleia da República por causa da dita verdade desportiva. É uma palhaçada». No hall da entrada do antigo departamento de futebol do Estádio das Antas pairava uma placa que dizia algo como: «as pessoas passam, o clube fica». As palavras eram de Pedroto, mas o Mestre não levará a mal se lhe dissermos que há excepções… Na linha das palavras de Jorge Nuno Pinto da Costa, o filho, Rui Pedroto, descreve-o como «um homem sem medo, justo, um líder exímio e um português de gema». Realçou a «atitude irreverente, o espírito aberto e curioso» e a «inteligência fina e a confrontação leal», para sublinhar, sem dúvidas, que «o FC Porto foi uma segunda pele para o meu pai».

Opiniões

«Pedroto era uma referência como treinador, com modelos de trabalho avançados. Ainda novo, vi muitos treinos dele no Estádio Nacional. Como homem brilhante que era, hoje em dia estaria perfeitamente actual. Estaria no topo dos treinadores»

Carlos Queirós

«Não era uma pessoa que gostasse muito de palestras. Preferia a acção. Recordo-me de quando cheguei ao clube e de ele perguntar ao plantel que tinha sido campeão. Só eu, mas no Benfica. Mas disse que vinha para ser no FC Porto»

João Fonseca

«José Maria Pedroto foi um pensador do futebol. Ele aliou o conhecimento à intuição. Hoje estaria actualíssimo. Para os grandes jogadores e para os grandes treinadores não existe distinção temporal, são sempre bons»

António Simões

Herman José e o FC PORTO

Revejo-me no estilo e na resiliência do combate

Não é associado nem presença assídua nas do Estádio do Dragão, mas diz-se intimamente ligado ao FC Porto. E percebe-se porquê. Especialmente depois de uma conversa descomprometida ou de uma troca de emails para estabilizar perguntas e respostas. Emblema e humorista partilham princípios e identidade e registam algumas páginas em comum. Alguém esquece as entrevistas de José Esteves a Jorge Nuno Pinto da Costa e José Maria Pedroto? A Dragões desafiou Herman José para uma troca de impressões forçosamente Azul e Branca. E esteve quase a «transformá-lo» em adepto fervoroso.

D - Esteve recentemente na homenagem a José Maria Pedroto e teceu palavras elogiosas acerca do FC Porto e do «mestre». Que significado teve para si a participação neste evento?

HJ – Foi um «3 em 1». Pude retribuir ainda que simbolicamente, a inteligência e a generosidade de um homem que foi decisivo na minha carreira humorística, abraçar o presidente Pinto da Costa por quem tenho um carinho especial, e ficar a conhecer um dos estádios mais bonitos do mundo.

D – Apesar de ter assumido que não morria de amores pelo futebol, costuma acompanhar o fenómeno? De que forma?

HJ – O futebol como actividade em si não me move, não imagina como lamento. Mas tudo o que ele movimenta, e o que ele representa nas sociedades é de tal maneira importante, que só um inconsciente é que se pode dar ao luxo de o ignorar. Faço um esforço cada vez maior, para estar a par dos seus problemas, das suas vicissitudes, das suas glórias. Foi em homenagem a esse mundo, que criamos – eu, o António Tavares Telles, e o Tozé Brito – a personagem do José Esteves, que o saudoso Pedroto sancionou com o seu sagaz bom humor

D - Sente que a figura de «José Esteves» o aproxima dos portuenses e dos adeptos do FC Porto?

HJ – Tudo me aproxima do Porto. Foi onde ganhei o meu primeiro dinheiro numa fase em que Portugal não funcionava de Rio Maior para baixo. Onde descobri as primeiras paixões. Onde saboreei as primeiras salas cheias de público vibrante e apaixonado. O Porto faz parte da minha alma. É natural que o clube que lhe tem servido de emblema em todo o mundo me arrebate por arrasto.

D – Jorge Nuno Pinto da Costa e José Maria Pedroto foram dois dos entrevistados pelo «Esteves». O que guarda desses momentos? Foi a partir daí que começou a simpatizar com o clube?

HJ – Eu nessa altura ainda não tinha atingido grande profundidade… Era muito novo, e tinha tanto em que pensar, que não me lembro de ter chegado a dar o devido valor è generosidade de tão emblemáticos cidadãos. Mas nunca é tarde para mostrar alguma gratidão! Foi muito emocionante ouvir palavras tão elogiosas da viúva de José Maria Pedroto, que não faz mais do que dar razão aos que aventam que «atrás de um grande homem, está sempre uma grande mulher…».

D – Sente que o sucesso que o FC Porto alcançou nos últimos 25 anos e as invejas que desencadeou tem a ver consigo, no sentido em que também foi, algumas vezes, vítima de sintomas de pequenez semelhantes?

HJ – Não me atrevo a compara os meus «pequeninos dramas» com as imensas dificuldades que um clube como o FC Porto teve de vencer, remando contra uma maré de vícios centralistas. Revejo-me no estilo e na resiliência do combate, mas não comparemos formigas com camiões TIR! (risos)

D – É abusivo considerar que, por tudo o que se aborda nas questões anteriores, sempre esteve «inclinado» para ser Portista?

HJ – Quando o presidente Pinto da Costa me mostrou o Estádio do Dragão a partir do camarote presidencial, senti um embate tão especial, que me atrevo a dizer que se gostasse de futebol, era bem capaz de andar de cachecol azul e Branco à volta do pescoço:

D – O Herman SIC com Jorge Nuno Pinto da Costa registou alguns dos momentos mais interessantes da série. O programa teve um remate de ouro com a declamação do presidente. São instantes que recorda com assiduidade?

HJ – Ainda no outro dia, em reunião com amigos da TVI, me recordavam as «dores de cabeça» que essa emissão lhes deu. Tivemos audiências avassaladoras, mas o que mais me encantou, foi a confiança que o presidente depositou em mim. Lembro que o programa foi em directo, durou mais de duas horas, e a única garantia dada, teve o valor simbólico de um aperto de mão. É tão bom quando duas pessoas de palavra se encontram. É que somos cada vez menos…

D – Se lhe pedissem para definir o FC Porto em tons de humor e me tons sérios, como o faria?

HJ – Em tom sério, o FC Porto é um símbolo, um orgulho, uma grande instituição… Em tom de brincadeira, poderia recitar uma quadra do Esteves:

Ó meu FCP valente,

Uma mensagem te trago…

Querem-te mostrar o dente?

A resposta é: «sempre em frente!»

Até os comemos «carago!»
in «Revistas dos Dragões» Junho de 2010
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[Futebol] José Maria Pedroto Empty Re: [Futebol] José Maria Pedroto

Mensagem por Manu021 Ter maio 03, 2011 6:23 pm

Obrigado zé do boné, por tudo que fizestes pelo nosso clube, é em parte graças a ti, se ele està no patamar de hoje.

Não és do meu tempo, mas aqui fica a minha homenagem. Sim tu es o verdadeiro mestre da tactica.
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