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[Futebol] João Pinto

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Mensagem por joao castro Qui Set 23, 2010 4:15 pm

João Pinto
Natural de Vila Nova de Gaia – 21 de Novembro de 1961



[Futebol] João Pinto JoaoPinto2
Foto de PaixaopeloPorto.blogspot



EM jogo, João Pinto não deixou, nunca, de conservar, no que isso tem de mais puro, de mais fascinante, o espírito do operário que ele foi, carregando nos ombros as durezas de uma vida amarga, de luta, para que, assim, com o suor do rosto, com a força de dois braços que não cediam na labuta, ao menos vencesse provações, misérias. Por isso, talvez ninguém o tenha definido tão bem como Bobby Robson, no ano passado, quando o lateral-direito do F. C. Porto assinou a sua centésima internacionalização: «Tem um carácter invulgar, uma enorme vontade de vencer, uma atitude irrepreensível. Até parece que tem dois corações e quatro pernas. É muito difícil encontrar um jogador como João Pinto, com tanto entusiasmo, com tanta motivação, com tanta ambição. Mesmo quando se lesiona, não há dores, não há nada.»



Um profissional portista a ganhar... 20 contos!



Foi sempre assim. Só em 1980 assinou o seu primeiro contrato como futebolista profissional, no F. C. Porto, a troco de 20 contos no primeiro ano, 25 no segundo e 32 no terceiro — que passara a 50 quando quando já conquistara a titularidade, mas ainda ia para as Antas num utilitário Fiat 127, admitindo que gostaria de ter um carro melhor, mas que o que tinha dava e sobrava para ir aos treinos e que o dinheiro era preciso para outras coisas, como, por exemplo, para acabar de pagar o apartamento que comprara para viver com Mary, filha de um industrial gaiense com quem se casara no defeso dessa temporada de 1983. «Quando o sr. Pedroto fez de mim titular, aumentaram-me o ordenado mensal de 32 para 50 contos, mas, mesmo assim, continuava a ser o jogador mais barato da equipa, embora houvesse quem pensasse que eu ganhava milhões... Quando falava nessa verba aos meus companheiros, ficavam admirados, mas nunca quis chatices, se assinara por esse dinheiro, o contrato seria para cumprir até ao fim. Só no final dessa época, revalidando o contrato, é que passei a ganhar um bocado melhor, mas continuei longe de ser dos mais bem pagos jogadores portugueses...»
Um ano antes, João Pinto apanhara o primeiro grande susto da sua vida ao lesionar-se, no pé direito, num jogo com o Varzim. «O dr. Espregueira Mendes disse-me que tive uma sorte danada em não ter de submeter-me a operação melindrosa. Sabe que foi por causa de uma lesãozita que o meu pai deixou de jogar futebol? Jogava no Oliveira do Douro, parece que era defesa-central e trabalhava na Salvador Caetano, exercendo as funções de encarregado de chapeiro. Um dia, chegou a casa lesionado e a minha mãe meteu-lhe a faca ao peito dizendo-lhe que tinha de optar por ela ou pelo futebol. Claro, optou pela mãe, que fez tudo para que eu não jogasse à bola. Chegava suado e apanhava coças. Sem os meus pais saberem, fui-me treinando no Oliveira do Douro. Queriam que eu fizes-se parte da equipa de iniciados e deram-me uns papéis para assinar. Fui directo ao meu pai, ele assinou, a minha mãe nunca mais me disse nada.»
Até houve comemoração com o vinho americano que é especialidade que o pai faz na terreola, no dia em que o João passou a jogar nos juvenis do F. C. Porto. Nunca mais mudaria de camisola. Andava ele no terceiro ano quando desistiu da escola, pedindo ao pai que o metesse na Salvador Caetano. «Foi assim que fui para estofador, profissão que só abandonei após ter feito o primeiro contrato como profissional de futebol, em 1980. Mas, se não tivesse sorte ou se acontecesse alguma coisa má, continuava com as portas abertas na empresa, onde me deram sempre grandes liberdades para me treinar. Só assim me foi possível ir ao estrangeiro integrado nas Selecções de juvenis e de juniores, talvez o fizessem por o meu pai ser o operário mais antigo da fábrica, pela consideração que tinham por ele.»



[Futebol] João Pinto 1987-FCPorto-TCECampeoEuropeu


Único português «capitão» de uma Selecção do Mundo


João Pinto começara a jogar, nos iniciados do Oliveira do Douro, como extremo-esquerdo. Nas categorias jovens do F. C. Porto só não actuou a... guarda-redes, foi defesa, foi médio, foi avançado, quer na direita quer na esquerda. Quando Pedroto o lançou na equipa de honra, utilizou-o, inicialmente, como defesa-esquerdo... Não seria por muito tempo. Perdendo Gabriel, descobriu, com o seu sentido visionário, que estava ali o substituto de que precisava para... suplantar até o substituído. Assim aconteceu. Eram os primeiros passos para uma carreira fabulosa, como há poucas em Portugal, de tal forma que, quando João Pinto, que já somara nove internacionalizações em esperanças, 20 em juniores e quatro em juvenis, bateu o record nacional que pertencia a Nené, com 66 jogos na Selecção A, Pinto da Costa, depois de abraçá-lo com emoção e de considerá-lo o «atleta n.º 1 do F. C. Porto», retocou-lhe ainda com mais brilho o retrato: «O record de internacionalizações é apenas mais um facto a acrescentar à carreira brilhante de João Pinto, pois, para além disso, ele foi já o capitão da equipa do F. C. Porto que ganhou a Taça dos Campeões, em Viena, venceu a Taça Intercontinental e a Supertaça Europeia, vai a caminho das sete vitórias em Campeonatos Nacionais e foi o único português a ter a honra de capitanear uma selecção mundial na festa de despedida de Zico, depois de ter jogado, igualmente, na Selecção do Mundo, na festa de Platini.» Só não alargou mais o fosso em relação a Nené porque, antes de o Campeonato terminar, teve de sujeitar-se a complicada operação, que o atacara logo no arranque da época, mas não quis parar, jogou até resistir com dores, em mais um sinal do seu espírito, da sua galhardia. Mesmo assim, chegou às 70 internacionalizações A.
Impressionante. Ou mais um sinal desse seu jeito para vencer até o destino. João Pinto, que na infância adorava correr, pelo que Carlos Lopes ficaria para sempre como seu ídolo, pedindo meças a Pavão, o outro, em Fevereiro de 1986, pouco depois de lhe terem nascido as duas filhas gémeas, chegou a parecer condenado para a prática do futebol, sendo operado, quase de emergência, para extracção de líquido na pleura. «Nessa época, não estava, de facto, a atingir o nível exibicional de anos anteriores, devido à doença, os médicos diziam que esse problema dos pulmões vinha de trás, mas que eu nunca me queixei. Talvez. O mais provável é que os derrames tivessem sido causados por contusão provocada por um adversário, mas, no calor da luta, se calhar nem dei por isso. Os problemas agravaram-se no jogo da Selecção, entre Portugal e a Finlândia, em Leiria, ao fim da primeira parte comecei a sentir dificuldades respiratórias, tive de ser substituído, no domingo seguinte, depois de jogo com o Estoril, fui hospitalizado. Ficou toda a gente em pânico, mas nunca me passou pela cabeça que deixaria de jogar, apesar de haver muita gente que pensava que esse era risco sério. Por exemplo, antes da operação até telefonaram para as Antas, dizendo que eu já tinha morrido. Só tive medo quando, depois da operação, já não tinham mais sítio algum para espetar o soro, nas veias dos braços, e disseram que tinha de ser no pescoço, mas, felizmente, não foi preciso.» Dois meses e picos depois, regressou aos relvados e ainda a tempo de ser convocado para o México...


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Mensagem por Varekai Qui Set 23, 2010 6:47 pm

O homem da taça Prayer
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Mensagem por submundo Qui Set 23, 2010 7:03 pm

João Pinto Prayer
Do que o meu pai me contou dele, só posso dizer que tenho pena de não o ter visto jogar.
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Mensagem por Futre Qui Set 23, 2010 9:10 pm

Prayer para os João (Castro e Pinto)
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Mensagem por Tio Hans Qui Set 23, 2010 9:38 pm

Eu ainda me lembro dele. Mas muito vagamente.
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Mensagem por joao castro Qui Set 23, 2010 9:52 pm

Foi uma das maiores figuras do FC Porto, um exemplo de atleta, coloquei estes excertos mas por aí fora existem mais e bem melhores...

Lembro-me da do Oliveira em preterir este homem em 1996 em favor do Paulinho Santos (adaptado a DD), quando seria o último grande momento do João na Selecção, o Euro96, e também me recordo da última renovação de contrato pelo FC Porto, em que o João Pinto diz que para renovar bastou apertar a mão do Pinto da Costa, 2 segundos...

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Mensagem por migueldinis Qui Set 23, 2010 9:55 pm

Mas ele era algum prodígio? pensativo Lembro-me de ser adorado mas por ser um jogador da casa. E era duro também.

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Mensagem por joao castro Qui Set 23, 2010 10:05 pm

Foi dos melhores Laterais direitos do Mundo na década de 80 e inicio de 90, não é preciso ser extremo ou avançado para ser prodígio.

E a nível de FC Porto e Portugal foi e será sempre uma das maiores figuras, pela personalidade, capacidade de trabalho e acima de tudo humildade e respeito...

Não foi por nada que foi considerado embaixador de Portugal, tal como o Eusébio, e teve na entrada do antigo museu do Porto um quadro gigante.

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Mensagem por famaboys Qui Set 23, 2010 10:42 pm

João, aquando daquela nossa conversa cara a cara dente com dente não me esqueci deste nome, apenas estava a dar-te a honra de seres tu a abrir tal tópico porque lembraste mais dele do que eu...

Simplesmente um senhor, dedicação ao clube não lhe falta, amor também não, este é daqueles que se pode gabar de ser dragão de cabeça aos pés... Nunca me vou esquecer daquela imagem de 1987 aquando da conquista da Taça dos Campeões Europeus...

[Futebol] João Pinto 79047879

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"Por exemplo, antes da operação até telefonaram para as Antas, dizendo que eu já tinha morrido."

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Mensagem por Daniel Novo Sáb Abr 16, 2011 12:38 am

João Pinto. "A minha melhor tirada? ''Prognósticos só no fim do jogo'', claro!"

[Futebol] João Pinto 0000280845

Aí está o mítico lateral e capitão portista, aquele que domingo à noite, depois do FC Porto-Sporting, vai acertar no resultado

"O meu coração só tem uma cor, azul e branco." "Chutei com o pé que estava mais à mão." "Estamos felizes porque estamos contentes." "Baía é o melhor do mundo e talvez da Europa." "Prognósticos só no fim do jogo." Independentemente das tiradas, João Pinto, mítico lateral direito do FC Porto, ficaria sempre na história. Ganhou nove campeonatos, ergueu a primeira Taça dos Campeões para o FC Porto e só a largou por momentos, para Madjer e Pinto da Costa, o presidente que o definiu como atleta exemplo do clube. Com os dragões de novo no topo e em fim-de-semana de FC Porto-Sporting, lá telefonámos a um dos mais discretos e grandiosos futebolistas que este país produziu.

Bom dia, João Pinto. O FC Porto é campeão, está numa meia-final europeia... Isto para si não é novidade nenhuma.

Prontos... não é bem normal, mas é verdade que o clube já habituou os sócios e adeptos a estas vitórias. Esta equipa pode chegar muito longe, está a fazer uma temporada espectacular!

Como é que você, nove vezes campeão nacional, campeão europeu, olha para isto?

É um pouco como quando eu lá estava. Quem trabalhava no FC Porto passava uma palavra aos que apareciam e ganhar tornava-se uma exigência bastante normal. Por isso é que os títulos aparecem com naturalidade.

Você era um dos principais protagonistas desse espírito. Pinto da Costa é que disse que o João Pinto era o atleta modelo do FC Porto.

Ah, não sei se ele disse isso...

Olhe que sim!

Eu tinha a minha maneira de estar e de defender o clube, mas como eu existiram muitos, antes de mim o [Fernando] Gomes, depois o Jorge Costa ou o Vítor Baía...

E não acha estranho que hoje a equipa jogue com dois ou três portugueses no onze inicial e a braçadeira de capitão seja de um estrangeiro, Helton?

Se me perguntasse se gostava de ver mais portugueses no FC Porto, é claro que respondia que sim, mas depois do impacto da Lei Bosman os clubes tiveram de se adaptar à nova realidade. Olhe que os clubes portugueses adaptaram-se bem e o FC Porto é talvez o melhor exemplo, contratando bem, vendendo melhor e fazendo aproveitamento da formação.

Você chegou ao FC Porto com 14 anos.

Sim, mas a minha mãe era contra o futebol, porque o meu pai tinha abandonado a carreira devido a uma lesão. Quando precisava de assinar papéis do clube, ia sempre ter com o meu pai. Às vezes ainda dou por mim a rir das porradas que a minha mãe me dava.

Como foi o início no clube?

Lembro-me de me irem buscar a Oliveira do Douro, para um treino de iniciados no campo da Constituição, um pelado onde estavam mais uns trinta e tal miúdos. Foi assim, saiu muita gente boa da Constituição...

Nessa altura você não era lateral. É verdade que foi Pedroto que o fez lateral, já nos seniores?

Olhe, eu fui extremo, avançado e fui muitas vezes médio-centro. Depois fui lateral esquerdo, mas num jogo da selecção, em Cannes, o Jesualdo Ferreira colocou--me como lateral direito. Foi a primeira vez. Passou mais algum tempo, subi aos seniores, ainda joguei a médio mas, sim, foi com o Pedroto que me tornei lateral direito, em 1982/83.

Este FC Porto ainda tem alguma coisa de José Maria Pedroto?

São realidades diferentes, se calhar até fica difícil comparar o treinador de hoje [Villas-Boas] com o de então. Estamos a falar de pessoas e jogadores distintos, a única coisa que sei é que o comum são o sr. Reinaldo [Teles] e o sr. presidente [Pinto da Costa]. Mas sim, foi nessa altura que se começou a ganhar como agora, quando acabámos com aquela ideia de que estávamos a perder assim que atravessava a ponte em direcção a Sul. O espírito passou a ser outro.

Era o espírito que o fazia jogar com um pé partido?

Eu nunca fui tecnicamente evoluído, não podia dar baldas aos que concorriam comigo por um lugar na equipa e tinha de ter espírito de sacrifício. Mas eu não era o único. Na altura dizia-se no balneário que era preciso morrer em campo. Esta frase durou muitos anos no clube.

Conte lá a história do pé partido.

Tinha o dedo pequeno do pé direito partido, os médicos diziam que tinha de estar um mês sem jogar, então fiz um buraco na bota - porque tinha mais dores quando aquele lado da bota me apertava - e pintei a meia de preto para disfarçar.

Você, que não era tecnicamente evoluído, é convidado para o jogo de despedida do Zico.

Fui capitão da selecção do resto do mundo e ainda participei em mais quatro jogos desses. Há coisas que não se esquecem, ali apareci eu, meio envergonhado, mas tive sorte de encontrar malta porreira. É como dizem: a linguagem do futebol é igual em todo o lado.

Na final da Taça dos Campeões, em 1987, é que não deu bola a ninguém: só o Madjer conseguiu agarrar na taça por uns segundos, porque você não a largava.

Não foi só ele, o presidente [Pinto da Costa] também a agarrou um bocadinho, depois tirou a fotografia e fugi novamente com a Taça às voltas pelo campo. Ainda bem que fiz isso, porque hoje quando passam as imagens estou lá sempre [risos].

Na final da Taça Intercontinental, contra o Peñarol, teve outro grande momento...

Pois foi, rebentei a bola! Havia tanta neve, aquilo estava tão complicado, que mandei um bico para a frente e a bola rebentou. Mas olhe, aí já não me agarrei à Taça. Agarrei-me à outra porque foi a primeira grande conquista, o início de tudo... Sabe que o início de tudo isso podia ter acontecido antes, em 1984, quando perdemos a final da Taça das Taças contra a Juventus.

Do Platini e do Rossi.

Pois, mas para esse jogo já lá chegámos em festa. Estar na final já era uma festa. Se essa final fosse oito dias depois, digo-lhe, tínhamos ganho! As outras finais já as encarámos de outra forma.

Diga lá a verdade, sofreu falta naquele lance do Boniek em que a Juventus fez o segundo golo?

Claro, o Boniek fez falta, mandou-me um empurrão! Mas pronto, foi uma grande final, jogámos muito, nem merecíamos o resultado [2-1, Vignola e Boniek, contra um golo de Sousa].

E como é que você marcou oito golos no campeonato de 1991/92?

Oito, quais oito? Foram 12! Nesse ano fui o segundo melhor marcador da equipa, atrás do Kostadinov. Se calhar foi a minha melhor temporada de sempre.

Oito golos no campeonato, 12 em todas as competições.

Ah, sim!

Nesse ano até marca de penálti no Estádio da Luz e roubam o campeonato ao Benfica.

Guarda-redes [Neno] para um lado, bola devagarinho para o outro... [descreve com orgulho] Jogava o Rui Filipe, ainda me lembro de ele vir a correr atrás de mim para festejar. Nessa altura íamos à Luz com 120 mil pessoas sem o mínimo problema... Agora as coisas estão um bocado diferentes.

O Rui Filipe sofreu o penálti nesse jogo. Já agora, seria ele o seu sucessor como capitão do FC Porto?

Acho que sim, era um rapaz exemplar, não dizia não a nada.

Que dicas é que você deu ao Jorge Costa para ser capitão?

Estas coisas não se falam muito, um capitão nem tem de falar, tem é de se impor pela forma como está no campo. Nessa altura o FC Porto tinha muita gente que conhecia o clube, gente que vinha dos escalões de formação e podia assumir esse papel.

O que lhe faltou? Ficou com pena de não ser opção no Mundial do México, em 1986?

Tinha sido operado uns meses antes, ao pulmão, e perdi o ritmo. Mas eu tinha dito que ia ao Mundial e fui! Quando estava no hospital, depois da operação, os médicos falaram-me em 15 dias para sair de lá. "Ai é! Então vou ao Mundial!" Ninguém acreditava. Fiz alguns jogos em dificuldade, sem saber o que tinha no pulmão, até que um dia, contra o Estoril, amarraram-me todo com ligaduras, mas não aguentei mais.

E agora? Depois de treinar o Sporting da Covilhã, o homem que tem o "coração de uma só cor, azul e branco", não devia estar a fazer qualquer coisa no FC Porto?

Não vale a pena falar muito disso, primeiro só quero que a minha vida volte ao normal. Ainda tenho de resolver primeiro a saída da Covilhã, se calhar é coisa para ir parar aos tribunais.

Qual foi a sua melhor tirada?

"Prognósticos só no fim do jogo", claro!

Então não me vai dizer como acaba o FC Porto-Sporting de domingo.

Claro, prognósticos só no fim do jogo!

http://www.ionline.pt/conteudo/117638-joao-pinto-a-minha-melhor-tirada-prognosticos-so-no-fim-do-jogo-claro
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